(The Good, the Bad and the Ugly, Itália/Espanha/Alemanha, 1966)
Faroeste - 161'
Direção: Sergio Leone
Elenco: Clint Eastwood, Eli Wallach, Lee VanCleef, Aldo Giuffré, Rada Rassimov, Mario Brega
Sinopse: Há notícias que se espalham rápido, até mesmo no deserto: quando um grupo de falsários rouba um carregamento de duzentos mil dólares, não demora para que os olhos de todos os pistoleiros do Oeste comecem a brilhar. Entre eles, claro, o Blondie, o Estranho Sem Nome (Eastwood), além de Angel Eyes Sentenza, um oficial das forças ianques (Lee van Cleef) e um irriquieto bandoleiro mexicano, Tuco Benedito Pacifico Juan Maria Ramirez (Eli Wallach). Ambientado durante a Guerra Civil Americana, em Três homens em conflito a habilidade de cada um com a pistola será, a todo o momento, posta à prova; mas a arma mais letal, no trato com mercenários deste calibre, é mesmo a astúcia de cada um. Os duzentos mil dolares em ouro estão escondidos em um cemitério. Blondie (o bom), Angel (o mau) e Tuco (o feio) conhecem, cada um, apenas uma parte da sua localização, o que faz com que eles tenham que se unir. O problema é que nenhum deles está disposto a dividir o que encontrarem. O duelo final deste filme é excepcional. O clima criado é realmente muito bom, com a camera passando de um personagem a outro, durante alguns minutos, esperando os tres ficarem prontos para duelarem.
Todo gênero cinematográfico se beneficia de uma certa sedimentação de seus elementos junto ao público. É assim que quem sai de casa para ver uma comédia romântica já sabe um pouco o que o espera (no caso: humor leve, trama simples, sensualidade morna, final feliz); vai ao cinema como que para jogar um jogo cujas regras são conhecidas. Essa sedimentação, cujo estado final é o clichê, não é necessariamente ruim; um bom diretor saberá se fazer valer das expectativas já formadas pelo público para trilhar caminhos mais interessantes que a mera repetição.
Tome-se o mestre Sergio Leone. Nada mais desgastado, já nos anos 60, do que o faroeste como gênero cinematográfico. E entretanto, valendo-se justamente da sedimentação dos elementos desse gênero junto ao público, Leone é capaz de inverter a equação clássica: não é mais a linguagem que se põe a serviço do gênero, é o gênero que se põe a serviço da linguagem. Em outras palavras, 'Três homens em conflito' não é um faroeste clássico, mas também não é a crítica desse faroeste; é a construção, a partir dos elementos clássicos do faroeste, de um novo cinema; um cinema cuja preocupação não é remeter a qualquer realidade (vivida ou mítica), mas simplesmente ser cinema; o cinema, diríamos, em seu estado puro. Puro efeito, pura sensação - pura linguagem. Resultado: não dá, por um momento sequer, para desgrudar o olho deste filme. Não é à toa que o maior discípulo de Leone seja outro mestre do artifício cinematográfico, Quentin Tarantino (cujo 'Kill Bill Vol. 2' é uma bela homenagem a 'Três homens em conflito'). Três Homens em Conflito é o último filme da trilogia que Clint Eastwood fez com o diretor Sergio Leone. Os demais filmes foram Por um Punhado de Dólares (1964) e Por uns Dólares a Mais (1965). O orçamento de Três Homens em Conflito foi de US$ 1,3 milhão. Este filme não recebeu nenhuma indicação para o Oscar.
O mais incrível do Leone é como ele sabe conduzir bem os seus trabalhos. Tomadas muito longas, o filme inteiro (ele pega uma cena que normalmente duraria uns 10s, e transforma-a numa tomada de 1min, sem que nunca se torna cansativo - algo que só o maior diretor de épicos, David Lean, consegue fazer a altura-), planos que alternam entre super fechados (closes em olhos, armas...), e abertíssimos (que ás vezes deixam os personagens minúsculos na tela, revelando toda a beleza das paisagens).
A trilha sonora, do maestro Ennio Morricone, parceiro sempre fiel do Leone, é tão clássica, que até quem nunca assistiu o filme conhece. Não é uma trilha tão magnífica quanto a do "Era uma vez no oeste", mas mesmo assim vai ficar na memória pra sempre.
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